Sportster, uma marca a parte.

Visão geral da moto a beira da estrada.

A moto que será utilizada na Expedição Sulista 2016 é uma versão comemorativa de 100 anos da empresa Harley Davidson, é o modelo Sportster XLH 883cc. Ela possui apenas algumas poucas modificações reais, como o guidom do tipo claps que é grudado no garfo, o que acaba causando muitas perguntas do tipo "não dói o braço"? Uma vez fui em um bar e o dono do bar viu a moto, ficou interessado e perguntou "mas como é que você anda com ela"? Eu pensei um pouco na resposta, mas não aguentei e respondi, "coloco a chave, giro, engato a marcha e vou"! Minha esposa me olhou com uma cara de envergonhada e soutou um carinhoso "MAIS É UM TOSCO MESMO"! Todos rimos na hora, me desculpei com o rapaz e entramos no bar. Mas depois de alguns kms devo admitir que após uns 500km o corpo começa a reclamar, mas imagino que é algo similar em qualquer moto. Em minha primeira viagem de moto com  mais de 400km fui para Itajaí em SC e na volta percorri provavelmente uns 200km sem sair da pequena, quando cheguei em casa pensei que nunca mais iria conseguir descer da moto, a perna não ficou dormente, eu simplesmente não tinha forças nela para me levantar da moto e a sensação perdurou por uns 10 ou 15min, a moto era uma custom de baixa cilindrada, mas o guidão e a posição de pilotagem era muito boa.

Detalhe da primaria e da base do motor.

A posição de pilotagem acaba sendo algo que se contorna com as paradas a cada 100/150km onde se aproveita para hidratação e alongamento, minha preocupação no momento é que fazem alguns anos que a tenho e além de ela já poder ser considerada uma moto velha (não consigo fazer seguro pois já tem mais de 10 anos) ela está comigo a algum tempo, o que cria um certo receio de que algo pode acontecer com o motor, engrenagem ou sistema de freio de um momento para outro. A vantagem é que como a tenho por muito tempo é fácil saber quando ela está "errada" e o que está "errado". No final, aqueles que pegam a estrada sabem, "Não adianta moto nova e não faz diferença moto velha, o que importa é quem tá em cima (Deus! Não adianta, ele é o dono da bola, do campo e faz as regras do jogo)"!

O modelo é fabricado um ano antes da Harley adicionar o cochin nos motores, ou seja, além de ser carburada o motor é fixado diretamente no quadro sendo um dos últimos modelos com esta característica, o que causa uma grande vibração, para se ter uma ideia em uma das viagens eu adquiri um afastador de alforge padrão e seguia a estrada, quando chegou a uns 300km um caminhão começou a buzinar, parei a moto para ver o que era e o afastador esquerdo estava caindo, já o direito não estava mais lá, havia caído sabe-se lá onde e se perdido no caminho. Com a experiência adquirida estamos comprando novos alforges, maiores e diferentes dos que temos atualmente e conversei com um amigo para providenciar um afastador especialmente desenvolvido para ela. Também dei uma olhada geral nela para avaliar o que estava bom e o que estava ruim, tive que levar o sissy bar para o fabricante dar uma rejuvelhecida no produto e com isto acredito que a estrutura da moto estará ok para a estrada. Outra modificação que inclusive recomendo fazerem é a troca da luz do farol para algo mais forte, existe um limite autorizado pelo DETRAN, fale com seu mecânico e ele saberá qual colocar, mas a última viagem que fizemos acabamos tendo que andar um pouco a noite e com o farol mais potente foi uma delicia pegar a estrada a noite.

Todos nós sabemos que uma das grandes dores na estrada é a bunda! Não é atoá que existe o concurso Iron But (Bunda de ferro). A viagem é para ser algo prazeroso e confortável, estou fazendo planos de rotas com menor kms possível, por isto para aumentar o conforto adquiri também almofadas de silicone. Um conhecido especializado em bancos aqui de minha cidade comentou que estas almofadas não são ideais pois geralmente as pessoas cortam o silicone que sai da máquina, quebrando o molde original e gerando áreas que quando ocorre muito calor geram derretimento do silicone, não é como nas motos que sai de fábrica completamente celada nas extremidades. Farei um post especial sobre elas assim que terminar a viagem pois até o momento me pareceu ser uma ótima solução para diminuir o cansaço da estrada.

Enfim, não posso deixar de dar a dica para os que chegaram aqui procurando saber mais sobre o modelo da moto. Se você está procurando uma moto para a estrada a Sportster (qualquer modelo) é uma ótima pedida. O modelo é uma evolução do Modelo K que foi a primeira moto desenvolvida pela Harley Davidson para uso civil após a II Guerra. Não sei se o motivo real de ela ser desenvolvida foi para corridas (acredito que tenha sido), mas a estrada é um parque de diversão com esta moto. Costumo dizer que Sportster não é Harley Davidson, é Sportster e só os proprietários de uma Sportster sabem o que é uma Sportster. O modelo 883 possui potência suficiente para estrada e um custo agradável para a cidade, não é confortável como os demais modelos (tirando a V-Rod, não entendo aquela moto) mas é suficiente para qualquer distância. Ela funciona, porem não é moto para andar na terra, apesar de já ter visto um tiozinho com um pneu balão (devo dizer que ficou muito irado) e ter no youtube um "caipira de harley", ela é mais adequada para o asfalto, pode ser utilizada na cidade, mas o ideal mesmo é a estrada. Fato é que se você gosta da marca e pretende comprar uma moto maior a Sportster é uma boa moto para iniciar no mundo da Harley, você gasta menos (tem vários tutoriais de "faça você mesmo"), aprende as "manhas" (da marca, não só da máquina) e em seguida parte para outra.

A moto com piloto e garupa da viagem, sem os alforges.